Por Marianna Kunrath Lima 02/12/21
O aumento de casos de COVID-19 na província de Gauteng, na África do Sul, em novembro deste ano, fez soar os alarmes de pesquisadores. Análises genéticas de amostras da região, positivas para SARS-CoV-2 (realizadas pela equipe liderada pelo brasileiro Túlio de Oliveira, atualmente bioinformata na Universidade de KwaZulu-Natal), coletadas entre 12 e 20 de novembro, encontraram uma nova variante em todas as amostras: B.1.1.529.
No dia 26 de novembro, a OMS (Organização Mundial da Saúde) determinou que a B.1.1.529 é uma variante de preocupação e a nomeou ômicron. Os nomes das variantes seguem o alfabeto grego, mas para nomear a nova variante a OMS pulou as letras Nu e Xi, porque Nu, em inglês, é similar à a palavra new (novo), e Xi é um sobrenome chinês comum.
Por que a OMS designou a ômicron como uma variante de preocupação? A nova variante possui várias mutações existentes em outras variantes, inclusive na delta, mas destacou-se por apresentar mais de 30 modificações na proteína spike, que é a principal proteína viral envolvida na invasão celular, bem como o alvo principal do sistema imune humano. O grande número de mutações na sequência da spike levanta questionamentos sobre como nosso sistema imunológico irá lidar com essa variante: ela é mais transmissível? Mais letal? Reduz a eficácia das vacinas?
As respostas para estas perguntas demandam tempo para serem estabelecidas. Cientistas de todo o mundo já estão desenvolvendo experimentos para responder algumas delas, principalmente sobre a eficácia de vacinas e anticorpos anti-SARS-CoV-2. Outras respostas virão apenas após a análise de como a variante está se espalhando pelo mundo. Inclusive, apesar da ômicron ter sido identificada primeiramente na África, ainda não se sabe sua origem certa.
O anúncio de uma nova variante de preocupação fez com que muitos países e pessoas temam uma nova onda de COVID-19. Como pouco se sabe sobre os efeitos que a ômicron pode causar, o ideal é que todos vacinem-se, também com a dose de reforço, e usem máscaras, além de outras medidas básicas de proteção contra a COVID-19, para evitar a propagação do vírus SARS-CoV-2.
Referências:
Ewen Callaway. Heavily mutated Omicron variant puts scientists on alert. Nature 600, 21 (2021). https://doi.org/10.1038/d41586-021-03552-w
Kai Kupferschmidt. ‘Patience is crucial’: Why we won’t know for weeks how dangerous Omicron is. Science. doi: 10.1126/science.acx972
Omicron COVID variant was in Europe before South African scientists detected and flagged it to the world. CBS News. https://www.cbsnews.com/news/omicron-variant-covid-in-europe-netherlands-before-alert-raised/