Por Renata Lacerda, Doutora em Microbiologia, Analista da Target
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno até dois anos de vida da criança, sendo de forma exclusiva até 6 meses. A meta da organização é atingir 50% a taxa de aleitamento materno exclusivo até 2025 e 70% até 2030. No Brasil, o índice na primeira hora de vida é de 62%, a prevalência para menores de 2 anos é de 60% e a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida é de 45,8%. O Agosto Dourado, mês de conscientização sobre o tema, é a oportunidade de fortalecer a prática e mostrar o quanto esse alimento é extremamente importante, uma vez que protege a saúde das crianças e das mulheres.
O leite materno é considerado um alimento padrão ouro devido à sua composição, daí o nome Agosto Dourado. Por ser completo, supre todas as necessidades nutricionais da criança até o sexto mês de vida, além de conter em sua composição anticorpos que protegem as crianças de possíveis infecções. Durante o primeiro ano de vida, mesmo após a introdução de novos alimentos, a amamentação ainda é responsável pela maior parte dos nutrientes ingeridos pela criança. E, no segundo ano de vida, o leite materno continua sendo uma importante fonte de nutrientes e proteção à saúde do bebê. É um alimento único e não possível, ainda, de ser replicado, apesar dos esforços do mercado, completo e se ajusta às necessidades de cada fase da criança. Rico em vitaminas, minerais e possui fatores de crescimento que sustentam o desenvolvimento saudável, fundamentais na primeira infância.
Estudos indicam que o aleitamento materno também está relacionado ao desenvolvimento intelectual das crianças. Diminui as possibilidades de surgirem alergias e problemas respiratórios e, também, protege contra doenças que podem surgir ao longo da vida, como obesidade, hipertensão arterial, colesterol alto e, até mesmo, o diabetes. O ato de sugar no peito auxilia no desenvolvimento dos músculos da face e formação adequada dos dentes, contribuindo para o aprimoramento da fala e sistema respiratório. A amamentação contribui substancialmente para a redução da morbidade e mortalidade em crianças menores de 5 anos de idade. Em relação à mãe, os benefícios da amamentação incluem menor risco de câncer de mama e de útero, redução do risco de diabetes tipo 2, melhora da autoestima e bem estar mental, uma vez que o ato de amamentar possibilita o contato olho no olho e pele a pele, liberando hormônios que promovem a sensação de amor e estreitam o vínculo mãe e filho.
A disseminação do conhecimento sobre a importância da amamentação, juntamente com leis que protejam a amamentação, à implantação de salas de amamentação e creches nas empresas públicas e privadas são exemplos de ações práticas que possibilitam a continuidade da prática. Promover, proteger, incentivar e apoiar a amamentação é um dever de todos.