Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo: responsabilidade dos pais e segurança coletiva

Por Ana Paula de Faria Gonçalves 18/04/2022

Em 2016 o Brasil foi declarado livre do sarampo. Desde o ano 2000 não havia registro de transmissão autóctone no país. Essa conquista foi viabilizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o qual alcançamos uma cobertura vacinal para a primeira dose da vacina tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) de 96%, em 2015.

Lamentavelmente, essa abrangência não foi mantida por muito tempo. Com uma queda de mais de 20% na aplicação das duas doses da vacina tríplice viral, o cenário ficou suscetível à ressurgência das doenças. E, em 2019, registrou-se os primeiros casos do que se tornaria um surto de sarampo no Brasil.

A transmissão do vírus do sarampo ocorre a partir do contato de pessoas sem imunidade ao vírus com gotículas de secreção e saliva de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar próximo. O sarampo é uma doença viral aguda, muito contagiosa, similar a uma infecção do trato respiratório superior que pode causar, em crianças menores de cinco anos, graves problemas de saúde e até o óbito. Em 2020, o Brasil registrou 8.448 novos casos de sarampo e 10 mortes relacionadas à doença, a maioria em crianças menores de 5 anos não vacinadas.

Na tentativa de prevenir o surgimento de complicações decorrentes da infecção, evitando novos óbitos e possível pressão no sistema de saúde, o Ministério da Saúde inicia a Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo, com meta de vacinar 95% das crianças de faixa etária entre 6 meses e 5 anos. O objetivo é retomar ao patamar considerado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) como necessário para impedir novos surtos de sarampo e aumentar a cobertura vacinal de influenza que, em 2021, foi inferior à 78% entre o grupo prioritário (crianças, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e trabalhadores da saúde).

A vacinação simultânea é uma atividade recomendada pelo PNI para diminuir as perdas de oportunidades de vacinação. Já que, ao se aplicar mais de uma vacina no mesmo atendimento, reduz-se o número de deslocamentos até a unidade de saúde para a regularização do cartão de vacinação. A proposta então consiste na administração de duas ou mais vacinas em diferentes locais do corpo, ou por diferentes vias, num mesmo dia, como exemplo: a vacina contra a gripe por via intramuscular, a vacina contra o sarampo por via subcutânea. Essa aplicação simultânea não aumenta a frequência ou a gravidade dos efeitos adversos e não reduz o poder imunogênico que cada vacina possui quando administrada isoladamente.

Num cenário onde a cepa Darwin (H3N2) do vírus da gripe circula causando quadros mais agressivos e a transmissão de sarampo se sustenta no país pelo 5º ano consecutivo, o compromisso dos pais de crianças entre 6 meses e 5 anos com a campanha de vacinação contra gripe e sarampo é sinônimo de paternidade responsável e segurança coletiva.

É salutar lembrarmos do disposto no Estatuto da Criança e Adolescente, de que a vacinação das crianças é obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. E se atualmente não vivemos em uma sociedade onde é comum a convivência com sequelas graves de várias doenças preveníveis por imunização, como por exemplo, a perda auditiva causada pelo sarampo, é porque houve o cumprimento do calendário vacinal.

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Revisão: v2 (31/05/2022)