Vacina: um direito de todos

Por Patrícia Machado Pinto  07/05/2021

Na atual crise sanitária provocada pela pandemia de COVID-19, vacinas eficazes e seguras  são consideradas um componente crucial de controle da transmissão, aliado às medidas de prevenção já conhecidas. Conter e eliminar a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 tem sido o objetivo central da Organização Mundial da Saúde (OMS), que coordena todas as ações e políticas a nível mundial. Desenvolver e produzir vacinas com rapidez e em elevadas quantidades é sabidamente uma tarefa complexa sob muitos aspectos, requer coordenação multisetorial, além da utilização de novas tecnologias para a produção de vacinas, que atendam à demanda mundial.  Contamos já com diversas e promissoras vacinas em uso, e outras em fase final de testes  clínicos. As vacinas contra COVID-19 têm diversas construções, desde vacinas de tecnologias tradicionais até de nova geração.  

O processo de desenvolvimento de vacinas cumpre uma sequência lógica amplamente estabelecida, com etapas pré-clínicas, objetivando a definição da formulação vacinal, ensaios em modelos animais, experimentos sobre mecanismos de ação, imunogenicidade, e avaliação cuidadosa da segurança (testes de toxicidade). O desenvolvimento clínico, correspondente aos  testes em voluntários humanos, é organizado em quatro etapas. A primeira etapa é a dos estudos de fase 1, onde pequenos grupos de voluntários recebem a vacina produzida já aprovada para uso  humano e atendendo às Boas Práticas de Fabricação, diferente daquela usada na fase  experimental. O objetivo é avaliar a segurança e imunogenicidade em indivíduos adultos sadios e não comprometidos com a doença alvo do produto, enquanto os estudos de fase 2 são ampliados em número de indivíduos para avaliar segurança, dose e frequência de administração, bem como sua imunogenicidade em indivíduos de várias faixas etárias e comorbidades. Nos testes de fase 3, a vacina é administrada a milhares de voluntários e têm como desfecho principal a avaliação de eficácia do produto, através de ensaios clínicos controlados e randomizados, além de confirmar a segurança da vacina. Somente após o sucesso nas três fases iniciais, a vacina pode  ser licenciada, ou seja, ter aprovação dos órgãos reguladores para posterior fabricação em larga escala, implementação da imunização e distribuição. Por fim, a farmacovigilância, ou estudo de fase 4, após licenciamento, com o objetivo de monitorar possíveis efeitos adversos, após a  vacinação em larga escala na população alvo. 

Cada etapa deste processo pode durar vários meses a anos, entretanto, em face da  emergência em saúde pública e necessidade da disponibilização de vacinas como medida para o controle da COVID-19, a Anvisa autorizou (em 17/01/2021) o uso emergencial das seguintes vacinas:  CoronaVac, que é composta pelo SARS-CoV-2 inativado (Sinovac/Butantan) e a ChAdOx1 nCoV 19 (AstraZeneca/Fiocruz), baseada em vetores virais, composta por adenovírus recombinante de chimpanzé, deficiente para replicação (ChAdOx 1), que expressa a glicoproteína Spike (S) de SARS-CoV-2. 

Outras vacinas (ainda não em uso no Brasil) desenvolvidas com a mesma tecnologia de adenovírus são a Sputinik V do Instituto Gamaleya (Rússia) que usa os adenovírus humanos tipos 5 e 26 (Ad26 e Ad5); a Janssen do grupo americano Johnson & Johnson (Estados Unidos), com o adenovírus humano tipo 26 (Ad26); e a CanSino Biological (China), com o adenovírus humano tipo 5 (Ad5).  

Outras plataformas tecnológicas utilizadas para o desenvolvimento e atual produção das  vacinas em uso para COVID-19 são as vacinas de RNA mensageiro, onde o segmento de mRNA do vírus, que codifica a síntese da proteína antigênica (proteína S), é encapsulado em  nanopartículas lipídicas (Pfizer-BioNTech/Alemanha com registro definitivo para uso no Brasil  em 23/02/2021 e Moderna/Estados Unidos). Da mesma forma que as vacinas de vetores virais, uma vez inoculadas, vacinas de RNA estimulam as células humanas a produzirem a proteína Spike, que vão por sua vez estimular a resposta imune específica. Esta tecnologia tem  como vantagem poder ser sintetizada em maior escala, mas utiliza uma tecnologia totalmente nova, nunca antes utilizada ou licenciada em vacinas para uso em larga escala. Do ponto de vista  de logística, a primeira geração das vacinas de RNA requer uma cadeia de frio especial, -70°C no caso da vacina da Pfizer e -20°C no caso da vacina da Moderna, o que pode ser um obstáculo para a vacinação em massa, especialmente em países de renda baixa e média. 

As vacinas de unidades proteicas desenvolvida através de recombinação genética do vírus SARS-CoV-2 utilizam a tecnologia de nanopartículas, com uso da proteína Spike (S) do vírus recombinante SARS-CoV-2 ou uma parte dessa proteína, denominada de domínio de ligação ao receptor (RDB), associadas a um adjuvante (Novavax/Estados Unidos/Sub-unidades). Esta é uma  tecnologia já licenciada e utilizada em outras vacinas em uso em larga escala. 

Muitas questões ainda não estão respondidas sobre a COVID-19 e sua relação com as  vacinas. Não se conhece o correlato de proteção contra a doença, o exato papel que a imunidade celular desempenha na resposta imune, a duração dos anticorpos neutralizantes induzidos pelas vacinas e a resposta imune nos diferentes grupos etários. O vírus SARS-CoV-2 está em circulação em todas as regiões e países do mundo de forma arrasadora, e atualmente ultrapassamos 3,2 milhões de vidas perdidas. A distribuição desigual das vacinas no mundo representa risco à saúde mundial e certamente retarda o controle da Pandemia, que precisa ser global, além do  surgimento de variantes mais contagiosas e mais letais associadas à manutenção de sua circulação. A vacina é o principal instrumento de prevenção, a proteção ao indivíduo em larga escala significa a proteção à população. 

Referências:

(1) WHO, 2021. COVID-19 Vaccines. Disponível em:  https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/covid-19-vaccines 

(2) Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19. 5ª edição.  Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis  Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. 2021.

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Revisão: v2 (31/05/2022)