As doenças infecciosas são patologias provocadas por agentes biológicos, tais como vírus, bactérias, fungos e protozoários. Elas podem ser transmitidas de várias formas, sendo que as transmitidas por via respiratória, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar, possuem maior potencial de disseminação.
Além disso, é importante ressaltar que algumas doenças infecciosas são extremamente perigosas e exigem um diagnóstico rápido, uma vez que podem causar graves sequelas ou até mesmo levar à morte.
Neste artigo, fornecemos informações sobre algumas doenças infecciosas muito comuns no Brasil, bem como dicas sobre como se proteger dessas infecções. Além disso, abordaremos quais exames são recomendados para identificar a causa dessas infecções e direcionar tratamentos mais eficientes.
Acompanhe!
Afinal, o que são doenças infecciosas?
As doenças infecciosas são aquelas causadas por microrganismos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários. Esses agentes geralmente são adquiridos por contato com fontes externas de contaminação.
Os microrganismos cujas características geralmente prejudicam os hospedeiros são chamados de patogênicos. Temos como exemplo algumas infecções comuns como a gripe, a pneumonia bacteriana e a dengue.
Já os agentes não patogênicos normalmente não causam doenças e convivem em equilíbrio com o organismo em que habitam. Em situações específicas, como doenças que comprometem a imunidade ou uso de medicamentos imunossupressores ou antimicrobianos, esse equilíbrio pode ser quebrado, levando a ocorrência de manifestações relacionadas a esses agentes.
Quando transmitidas de pessoa para pessoa, de forma direta, as doenças infecciosas são chamadas de infectocontagiosas ou mesmo contagiosas. A transmissão também pode ser indireta, como através de água e alimentos contaminados, pela via fecal-oral ou mesmo por objetos que hospedam microorganismos.
Já quando a transmissão é por contato com animais, essas enfermidades são conhecidas como zoonoses (como a salmonella, que é transmitida por aves; ou a raiva, vinda de mamíferos) ou arboviroses, quando transmitidas por insetos (como dengue, Zika e chikungunya).
Os sintomas variam conforme o agente causador da doença e o tipo de acometimento, porém os mais comuns são febre, dor de cabeça, náuseas, fraqueza, sensação de mal-estar e cansaço, dor no corpo, dores abdominais, diarreia, dor ao urinar, corrimento nasal, entre muitos outros.
Algumas doenças infecciosas mais relevantes no Brasil
Por diversos fatores – ambientais, culturais e biológicos – alguns tipos de doenças infecciosas podem ter maior incidência em alguns países e regiões que em outros.
Nas últimas décadas, o Brasil passou por inúmeras transformações na epidemiologia das doenças infecciosas. Houve sucesso nas intervenções em saúde pública, o que permitiu o controle ou mesmo a eliminação de algumas doenças infecciosas, mas também houve a reemergência de males já controlados, além do surgimento de novas doenças.
Endemias rurais, doença diarréica e doenças imunopreviníveis – muito associadas à desnutrição, falta de saneamento básico e vacinação – deixaram de ser as maiores causas de mortalidade entre as doenças infecciosas.
Na década de 1960, por exemplo, metade da população brasileira vivia na zona rural, que apresentava níveis hiperendêmicos de inúmeras doenças parasitárias, como esquistossomose, doença de Chagas e malária. Atualmente são doenças mais controladas, embora ainda possuam muita relevância no cenário nacional.
As últimas décadas apresentaram a reemergência de doenças como a febre amarela e a dengue, e o surgimento de novas doenças, como a Aids e, mais recentemente, a Covid-19.
Em trabalho publicado no Jornal Panamericano de Saúde Pública, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), elencou algumas doenças infecciosas de grande relevância em nosso país. Foram quantificados os casos de doenças de notificação compulsória, com dados públicos disponíveis no DATASUS durante todo o período do estudo (2010 a 2017) e em todos os municípios brasileiros.
Abaixo estão listadas as doenças selecionadas, com algumas informações sobre cada uma:
1. Dengue
A dengue é uma doença viral, transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. É a arbovirose urbana mais prevalente no Brasil.
Os sintomas incluem febre alta, dores de cabeça, no corpo, nas articulações e nos olhos, fraqueza, vômitos, manchas na pele e coceira. Entretanto, em sua versão mais severa, conhecida como dengue hemorrágica, podem ocorrer sangramentos por queda das plaquetas ou redução da pressão arterial, levando ao choque hipovolêmico. Se não tratada adequadamente, a doença pode levar a óbito.
Das doenças elencadas pelo estudo da OPAS, a dengue apresentou o maior número de casos, com cerca de 7 milhões entre 2010 e 2017. Em 2022 o Brasil registrou mais de 1.000 mortes por dengue, um recorde histórico.
2. Doença de Chagas
Doença endêmica na América Latina. No Brasil estima-se que de 1% a 2,4% da população esteja contaminada, sendo a Região Norte a mais acometida. É causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, sendo que a principal forma de transmissão é o contato com as fezes de algumas espécies de barbeiros. Nas últimas décadas, devido aos movimentos populacionais, a maioria das pessoas infectadas vive em ambientes urbanos.
A fase aguda não é frequente e dura poucos dias, com sintomas genéricos, como febre, fraqueza e dores de cabeça. Se não tratada, a doença pode evoluir para suas formas crônicas, podendo ocasionar complicações principalmente cardíacas e digestivas.
3. Esquistossomose
A esquistossomose é mais frequente nos estados do Nordeste e Sudeste. Estima-se que, no Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas vivam em áreas sob o risco de contrair a doença.
É causada pelo parasita Schistosoma mansoni, um parasita que se hospeda em alguns caramujos de água doce. Pessoas que frequentam reservatórios de água contaminados são infectadas ao entrarem em contato com as formas infectantes (cercárias), liberadas pelo caramujo.
Na fase aguda destacam-se os sintomas gastrointestinais, dores de cabeça, febre, entre outros. Os casos mais graves causam aumento do fígado, baço, com implicações diversas para os acometidos.
4. Hanseníase
Doença causada pela bactéria Mycobacterium leprae, é considerada uma doença contagiosa, pois é transmitida por bacilos eliminados no ar. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos (braços e pernas), podendo causar lesões neurais graves e irreversíveis.
O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking dos países que registram novos casos. Possui distribuição heterogênea no país, tendo sido diagnosticados 18 mil casos em 2021.
5. Hepatites virais
As hepatites são doenças virais causadas pelos vírus A, B, C, D e E; com os três primeiros sendo os mais comuns no Brasil.
A transmissão das hepatites varia de acordo com o agente causador, mas incluem contato fecal-oral, relação sexual sem proteção e compartilhamento de objetos como agulhas, seringas, ou outros materiais pérfuro-cortantes.
Por se tratar de uma doença que pode permanecer assintomática por longo tempo, muitas pessoas são portadoras e não sabem. Quando apresentam sintomas, as hepatites provocam febre, mal-estar, náusea, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Alguns tipos podem se tornar crônicos, aumentando o risco de cirrose e câncer de fígado.
Segundo o Ministério da Saúde, de 2000 a 2021, foram confirmados 718.651 casos de hepatites virais no Brasil, principalmente dos tipos A, B e C. Existem vacinas eficazes contra as hepatites A e B, inclusive as que previnem simultaneamente os dois tipos. Não existe vacina para o tipo C da doença, mas há tratamento e cura.
Saiba mais – O que todos devem saber sobre as hepatites
6. Leishmaniose
A Leishmaniose é uma doença infecciosa, porém não contagiosa. É transmitida ao ser humano por picadas de mosquitos flebotomíneos (mosquito-palha), que carregam o protozoário do gênero Leishmania.
São duas formas principais da doença, segundo as manifestações: a Leishmaniose tegumentar provoca úlceras na pele e mucosa, enquanto a forma visceral afeta os órgãos internos, como o fígado e o baço.
A Leishmaniose tegumentar tem apresentado em média 21.000 novos casos anuais no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Já a Leishmaniose visceral apresenta em média 3.500 casos novos ao ano, porém a mortalidade vem aumentando nos últimos anos.
7. Leptospirose
A leptospirose é uma doença causada pela contaminação por bactérias do gênero Leptospira. Normalmente a infecção acontece pelo contato da mucosa ou pele do indivíduo com a urina de roedores contaminados, em locais com saneamento básico precário.
Inicialmente os sintomas são comuns a outras infecções, como febre, náusea e dores musculares, mas na fase tardia pode gerar comprometimentos respiratórios graves, hemorragias e insuficiência renal.
É uma doença endêmica no Brasil e se torna epidêmica nos períodos chuvosos, principalmente nos grandes centros urbanos. O maior número de casos são nas regiões Sul e Sudeste. Em 2022 foram diagnosticados pouco mais de 3.000 casos, com cerca de 300 óbitos.
8. Malária
A malária é uma doença febril aguda, causada pela picada do mosquito Anopheles, que infecta o indivíduo com o protozoário do gênero Plasmodium. A malária se caracteriza por sintomas como febre alta, calafrios, sudorese e tremores. Se não tratada adequadamente, pode evoluir para formas mais graves e causar convulsões, hipotensão arterial e hemorragias.
No Brasil, a região amazônica é a mais relevante para a epidemiologia da malária e concentra 99% dos casos, com transmissão residual em outras regiões nos estados do Sudeste. O número de casos novos anuais, no período de 2017 a 2021, variou de 140 a 190 mil; e o de óbitos, entre 34 a 58 por ano.
9. Tuberculose
A tuberculose é uma doença provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A transmissão dessa bactéria ocorre de forma infectocontagiosa, ou seja, de uma pessoa para outra, por meio de gotículas expelidas ao conversar, tossir ou espirrar.
A doença atinge principalmente os pulmões, e os sintomas mais comuns são tosse persistente por três semanas ou mais (podendo ter presença de pus ou sangue), febre, sudorese noturna e emagrecimento. As formas extrapulmonares ocorrem mais frequentemente em pessoas com quadros de comprometimento imunológico. A tuberculose pode causar complicações sérias, levando à internação prolongada ou mesmo ao óbito.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior incidência de tuberculose no mundo, tendo registrado mais de 66 mil casos só em em 2020.
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Como se proteger de doenças infecciosas?
Muitas das doenças infecciosas, causadas por vírus ou bactérias, são contagiosas e possuem fácil disseminação. Existem também as doenças que podem ser adquiridas pelo contato com água, objetos, animais ou alimentos contaminados.
Por isso, é importante aprender algumas medidas que são fundamentais para se proteger contra essas doenças. Veja algumas:
- Lavar as mãos com frequência. Quando não for possível utilizar água e sabão, use álcool em gel 70º.
- Usar preservativos nas relações sexuais.
- Não compartilhar objetos pessoais, como escovas de dente ou lâminas de barbear.
- Manter cozinha e banheiro limpos, locais onde a incidência de microrganismos patogênicos são mais frequentes.
- Conservar os alimentos na geladeira, separando os crus dos cozidos.
- Levar os animais de estimação ao veterinário para avaliação periódica, além de mantê-los com a vacinação em dia.
Quando disponível, a vacinação é a forma mais eficaz de proteção contra doenças infecciosas. A Target Medicina de Precisão tem opções que protegem contra diversas infecções.
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Veja também – Como a Target ajuda laboratórios de hospitais
Quais os exames utilizados para o diagnóstico dessas doenças?
Diversos exames podem ser utilizados para o diagnóstico das doenças infecciosas.
As culturas (bacterianas ou celulares) são metodologias que existem há muito tempo, mas que até hoje são utilizadas devido ao baixo custo. Porém o resultado costuma sair em um tempo relativamente grande, e a especificidade é baixa (não diferenciando os espécimes em níveis moleculares).
A sorologia também é um exame de baixo custo, que detecta a presença de anticorpos específicos no sangue do indivíduo. Tem a vantagem de permitir identificar o estágio da infecção, mas pode ser pouco sensível, visto que nem sempre os anticorpos são detectados em todos os estágios da infecção.
Já a pesquisa direta (como a imunofluorescência direta) supre esse problema, pois detecta diretamente os antígenos na amostra do paciente. Apresenta um bom custo-benefício, mas ainda não apresenta sensibilidade igual a das técnicas moleculares.
As técnicas conhecidas como Sequenciamento de Nova Geração identificam os patógenos sem utilizar alvos pré-estabelecidos, o que permite identificar microorganismos conhecidos ou sequenciar os novos. São metodologias muito úteis para o estudo filogenético dos microorganismos, como a pesquisa de novas variantes. Entretanto, se o objetivo for realizar diagnóstico de rotina, essa técnica torna-se demorada e apresenta custos maiores.
Uma das metodologias mais modernas para diagnosticar diferentes doenças infecciosas é a PCR em Tempo Real, uma ferramenta diagnóstica baseada nas técnicas de biologia molecular. Essa metodologia detecta o material genético dos agentes infecciosos e permite, em alguns casos, quantificá-los nas amostras dos pacientes. Apresenta alta sensibilidade e especificidade, pois a técnica amplifica o material genético do agente a ser pesquisado.
Existe ainda a possibilidade de detecção simultânea de vários agentes a partir de uma única amostra de material coletado do paciente. Esses ensaios com múltiplos alvos são chamados de painéis moleculares. Além disso, o tempo de processamento para um exame molecular costuma ser reduzido em relação a outras técnicas, fazendo com que o resultado seja mais rápido, aumentando as chances de sucesso do tratamento e reduzindo gastos desnecessários com internações, medicações e outras intervenções médicas.
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