Meningite: como se pega? Quem corre mais riscos?
A meningite é uma doença que causa a inflamação das meninges, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. Normalmente são infecciosas, causadas por vírus e bactérias e, em menor grau, por fungos.
Há também a meningite não infecciosa, causada por processos inflamatórios diversos, como os provocados por doenças autoimunes e cânceres.
A doença atinge pessoas de qualquer idade, mas é mais comum em bebês e crianças menores de 5 anos. Por envolver o sistema nervoso central, a meningite pode causar complicações graves, caso não seja diagnosticada e tratada rapidamente.
Neste artigo, vamos descobrir como se transmitem os diferentes tipos de meningites e quais são os grupos com maior risco de contrair a doença.
Acompanhe!
Como se pega meningite?
A meningite é uma inflamação que atinge as meninges, membranas que revestem o encéfalo e protegem o cérebro e a medula espinhal.
Por atacar o sistema nervoso central, as meningites infecciosas são potencialmente graves e podem causar complicações temporárias ou permanentes ao paciente, assim como sérias sequelas, até mesmo a morte. Por isso, é fundamental que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível; dessa forma, o tratamento pode ser iniciado rapidamente.
Algumas das possíveis sequelas causadas pelas meningites são a perda total ou parcial da audição e visão, epilepsia, problemas de memória e concentração, dificuldade de aprendizagem (inclusive em adultos), atraso no desenvolvimento motor, com dificuldades para andar e se equilibrar, além de paralisia de um ou ambos os lados do corpo.
Os três principais tipos de meningite são:
1. Meningites virais
Causadas por vírus, costumam aparecer com mais frequência no verão e na primavera. Normalmente evoluem de forma benigna, e o próprio organismo consegue curar a inflamação. Frequentemente acometem crianças pequenas e bebês. A maior parte dos casos são causados por agentes do gênero Enterovírus.
👉Formas de transmissão
Meningites virais são geralmente transmitidas via fecal-oral, pois os maiores causadores são os Enterovírus, que habitam o sistema digestivo. Há vírus menos frequentes que causam a doença, possuindo formas distintas de transmissão. As arboviroses, por exemplo, têm o mosquito como vetor, enquanto o Citomegalovírus e o Herpes Simplex podem ser transmitidos por fluido oral e contato sexual, dentre outros.
2. Meningites bacterianas
São causadas por bactérias que conseguem atingir o sistema nervoso central. Essa versão costuma ser mais grave que a meningite viral, com riscos elevados de sequelas e morte. Ocorrem com mais frequência no outono e inverno. Diversas bactérias podem estar envolvidas, mais frequentemente Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
👉Formas de transmissão
Meningites bacterianas também têm sua forma de transmissão dependente da bactéria envolvida. As principais relacionadas à meningite, Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae, passam de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Já outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.
3. Meningites fúngicas
São mais raras e, quando ocorrem, são causadas por fungos oportunistas comuns no ambiente, mas capazes de atingir pessoas que estão com sistema imunológico enfraquecido, como em tratamentos oncológicos ou após transplantes.Alguns exemplos são os dos gêneros Cryptococcus, Histoplasma e Candida.
👉Formas de transmissão
Ao contrário das outras, a meningite fúngica não é contagiosa de pessoa a pessoa. Ela pode acontecer via inalação de esporos, que penetram nos pulmões e chegam até as meninges. Esse é o caso da contaminação por Cryptococcus spp., a mais comum. Eles se encontram em solos contaminados e fezes de aves, principalmente pombos.
A transmissão aérea acaba sendo a responsável por surtos da inflamação, que costumam acometer crianças mais novas ou adolescentes, ainda não imunizados. Por vezes, alunos de uma mesma sala ou escola ou pessoas que moram num mesmo bairro também são acometidas por surtos oriundos da transmissão por gotículas respiratórias
Existem outras fontes possíveis de meningites bacterianas, como complicações de sinusites ou otites graves não diagnosticadas e tratadas adequadamente. Essas situações são mais raras que as descritas previamente.
👉Saiba mais sobre cada um dos tipos de meningites neste outro conteúdo.
Quem corre mais risco de complicações?
As meningites podem atingir pessoas de qualquer idade, apesar de ser mais comum em bebês e crianças menores de 5 anos, devido à imaturidade de seu sistema imunológico. No entanto, diversos fatores podem aumentar o risco de se contrair a infecção. Veja quais:
1. Idade
Pessoas de todas as idades podem ser acometidas por quadros de meningite de qualquer dos três tipos – bacteriana, viral ou fúngica. Entretanto, algumas faixas etárias são mais suscetíveis a determinados tipos de vírus e bactérias.
Bebês e crianças menores
Os recém-nascidos são o principal grupo de risco para meningites, especialmente bebês menores de 2 meses, já que as vacinas que previnem a doença começam a ser aplicadas a partir dessa idade. Nessa faixa-etária, há maior risco de contaminação pela bactéria Estreptococos do grupo B (Streptococcus agalactiae), Escherichia coli e Listeria monocytogenes, presentes também na região genital de mulheres grávidas. Caso a doença ocorra nas primeiras 48 horas após o parto, provavelmente foi causada por uma bactéria adquirida da mãe.
Em bebês maiores e crianças de até cinco anos, as principais causas de meningite são bactérias transmitidas por via respiratória, como Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. O Haemophilus influenzae tipo b era a causa mais comum, mas a vacinação em massa contra esse agente tem reduzido os casos.
Crianças maiores, adolescentes e adultos
Crianças maiores de 5 anos, adolescentes e adultos também correm risco de infecção e complicações causadas pelas meningites. A bactéria mais frequente nessas faixas-etárias é a Neisseria meningitidis (conhecida como meningococo, que causa a meningite meningocócica) seguida pela Streptococcus pneumoniae (conhecida como pneumococo, que causa a meningite pneumocócica). Em indivíduos saudáveis, ambas podem se abrigar na faringe, sem ocasionar sintomas.
Idosos
O sistema imunológico mais frágil em idosos aumenta o risco de se contrair meningite pneumocócica, um tipo de meningite bacteriana causada pelo Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Quanto mais o indivíduo envelhece aumentam também as chances de bactérias como Listeria monocytogenes e Escherichia coli causarem a doença.
2. Condições médicas específicas
Pessoas com o sistema imunológico comprometido têm maior probabilidade de desenvolverem infecções por vírus, bactérias e fungos, que podem desencadear meningites.
São os casos dos indivíduos com AIDS, em tratamento com medicações para câncer ou pacientes transplantados. Neles destacam-se as infecções oportunistas, como por Citomegalovírus, pela bactéria Listeria monocytogenes e pelo fungo Cryptococcus spp.
3. Contato
Pessoas que tiveram contato próximo com pacientes com meningite, principalmente as causadas por Neisseria meningitidis ou Haemophilus influenzae (Hib), possuem risco maior de contrair a doença. Alguns casos exigem a utilização de drogas profiláticas, principalmente para profissionais de saúde. Entretanto, embora sejam agentes contagiosos, o potencial de transmissão é menor do que das doenças respiratórias mais comuns, e o desenvolvimento ou não da meningite está relacionado à forma como o organismo reage à infecção.
Veja também – Painel molecular para meningite: por que esse exame é tão importante
Como identificar os sintomas da meningite?
É muito importante prestar a devida atenção aos sintomas sugestivos da doença, uma vez que o diagnóstico tardio aumenta a possibilidade de sequelas e problemas mais sérios. Quadros de meningite podem ter evolução rápida e se agravarem em questão de horas, levando até mesmo a óbito. Por isso, ao surgir algum indicativo de meningite, é essencial buscar atendimento hospitalar de urgência.
Os sintomas mais sugestivos da doença incluem fortes e constantes dores de cabeça, febre alta acima dos 38°, náusea e vômito, tontura, confusão mental e dificuldade de concentração, sonolência excessiva, convulsões e maior sensibilidade aos sons e a luz. Esses sintomas costumam piorar lentamente por 3 a 5 dias, e podem ser confundidos com os de uma virose.
O sintoma mais característico da meningite em crianças e adultos é a rigidez na nuca, que pode ser observada pela dificuldade de encostar o queixo no peito. Quanto mais difícil for a realização desse movimento, maiores são as chances de um diagnóstico positivo.
No caso dos bebês e crianças pequenas, nem sempre ocorre a rigidez na nuca. Além da febre alta, é possível notar maior irritabilidade, choro agudo e persistente, perda de apetite, dificuldade de movimentar a cabeça e também, no caso dos bebês com menos de um ano, moleira tensa e com aparência estufada.
Veja também – Vacinas: conheça as mais importantes e por quê!
Como se prevenir da meningite?
A principal forma de se prevenir das meningites bacterianas, que são as que evoluem para os casos mais graves, é a vacinação. É fundamental se atentar para os períodos recomendados de vacinação (inclusive as doses de reforço indicadas para adolescentes, adultos e idosos), já que esta é a maneira mais eficaz de se prevenir contra a doença. As vacinas contemplam as principais bactérias envolvidas na meningite: Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
Como muitas meningites são transmitidas pelas vias respiratórias, evitar o contato com casos suspeitos, bem como evitar aglomerações em locais com surtos de meningites, são medidas importantes. Já a higienização das mãos e o cuidado com os alimentos é importante para prevenir meningites causadas por agentes envolvidos na transmissão fecal-oral, como Enterovírus.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da meningite deve ser clínico e laboratorial. É feito inicialmente através da avaliação clínica dos sintomas, sendo comum o uso de exames de sangue, urina e de imagem. No entanto, a forma mais eficaz para o diagnóstico da doença é a análise do líquido cefalorraquidiano (líquor).
Dos diagnósticos tradicionais de meningite, a cultura bacteriana é considerada o padrão ouro. A amostra de líquor do paciente é colocada em um meio de cultura propício para o crescimento bacteriano, e as bactérias que se desenvolvem são identificadas. No entanto, esse é um exame que costuma demorar alguns dias para a obtenção dos resultados.
A PCR em tempo real tem surgido como uma nova modalidade de diagnóstico das meningites, com resultados fidedignos e com a vantagem de serem mais rápidos que os métodos tradicionais. Por isso estão gradativamente substituindo as técnicas convencionais, como a cultura de líquor. Por meio de apenas uma amostra do paciente, é possível analisar simultaneamente a presença ou ausência de diversos patógenos (bactérias, vírus e fungos) utilizando apenas uma amostra de fluido corporal do paciente.
O diagnóstico rápido e preciso é preponderante para o sucesso do tratamento das meningites. No caso das bacterianas, geralmente os quadros são mais graves e internações são necessárias. Faz-se uso de antibioticoterapia em ambiente hospitalar, com drogas de escolha e dosagens terapêuticas prescritas pelos médicos. Para as meningites virais não é costumeiro fazer tratamento com antivirais, e quando ocorre, geralmente é no caso de infecções por herpesvírus. Já as fúngicas costumam exigir tratamentos mais longos, com drogas em alta dose e administração prolongada.
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